no cotidiano sobre o movimento contemporâneo

Não precisamos de mais tempo. Precisamos de um tempo que seja nosso.

Mia Couto

SOBRE O MOVIMENTO CONTEMPORÂNEO

A vida contemporânea tem induzido o sujeito aos excessos (de informação, consumo, velocidade etc.) e, com isso, anestesiado seus sentidos. As experiências vividas, dentro da dinâmica “express”, não chegam a ser elaboradas (transformadas e incorporadas) e, com isso, o tempo vivido, ou seja, a própria existência, parece perder seu valor. Soma-se a isso, o culto à imagens idealizadas (de vida, trabalho, relações afetivas, beleza física, felicidade etc.) que tem distorcido (e distanciado) as experiências da vida real. Estresse, depressão, insônia etc., se revelam como uma expressão dessa realidade superficializada e fragmentada – onde o corpo físico se apresenta desconectado da dinâmica mental e de sua integração com o meio em que vive.

A tecnologia, que tem nos trazido tantos benefícios, também vem impondo ao corpo transformações em sua dinâmica. E se o tempo orgânico é bem distinto do tempo digital – assim como a realidade que ele apresenta – como conciliá-los?

Acreditando e apostando na transformação proposta pelo progresso científico, porém, sem abrir mão da possibilidade de uma existência íntegra e integrada – nos limites e possibilidades individuais –, despertar o corpo para a percepção e ampliação da sua potência harmônica (de caráter dinâmico), é uma proposta que visa colaborar no caminho desta conquista, tão pertinente e necessária para a saúde fisica-mental plena.

Se, por um lado, não fazem mais parte do cotidiano das grandes cidades a pausa, o silêncio e o tempo lento – preciosos e indispensáveis para uma elaboração e integração harmônica –, podemos, por outro lado, criá-los de forma particular. Ampliar a escuta do próprio corpo é uma proposta do despertar da consciência, responsabilidade e disponibilidade, como parte da liberdade (escolha) individual.

O tempo, onde se faz nossa existência, deixa de ser, então, um elemento impositivo externo para ser esculpido por cada um de nós.

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